O dia que decidir tirar férias do meu Eu, comecei uma viagem sem rumo certo, o mais difícil foi sair de minha cidade natal em busca de um grande sonho, o Eu desconhecido, pois do meu Eu conhecido, decidi dar férias.
Neste caso estava eu com isso abrindo mão do meu amor, de minha família, de tudo que eu havia conquistado até ali, se é que eu até ali havia algo conquistado.
Eu não esperava sofrer tanto.
Sofri muito, longe de meus amigos, do filho que eu ainda não tinha, o pai deste, um homem desconhecido o qual eu amava, mesmo sabendo que ele não me amava.
Eu sofria, não entendia o porquê deste desencontro, eu o admirava e ele nem com isso se importava, passei dias e meses acompanhado as novelas em que eu era todas aquelas mulheres que ele beijava e amava.
A novela chega ao fim e aos poucos a menina cheia de esperança e sonhos, foi morrendo dentro de mim.
Cresci mas não amadureci.
Fui me adaptando a mim mesma na esperança de um dia saber o que na verdade eu queria ser quando crescesse.
Mas para minha surpresa eu já não era mais a menina adolescente que sonhava com o galã das novelas do horário nobre.
Cansada deste meu Eu dei-lhe férias.
Saí em busca de novas perspectivas e me deparei de malas prontas no “meu porto” tentei desancorar o navio que estava preso ao meu Eu.
Fiz forças para retirar a anca em que estava presa no meu Eu.
Libertei-me me e já a distâncias pude ver o “Eu” que dei férias.
Mas por incrível que pareça não me senti feliz, queria voltar atrás e buscá-lo, afinal este “Eu” eu o conhecia bem.
Era um Eu sonhador e na verdade desiludido. Eu quis voltar e dizer pró meu Eu, que agora sabia que este Eu, era tudo que eu tinha de bom.
É duro dizer que nem sempre se pode chegar aonde se desejou, às vezes é preciso dar um passo atrás, para depois poder dar dois passos adiante, os caminhos às vezes têm grandes montanhas a serem escaladas, e é preciso ter calma e paciência para chegar aonde se quer.
Eu abandonei o meu Eu num porto desconhecido.
Meu navio agora longe e em alto mar olhava o Eu que deixei abandonado, por achá-lo infantil, despreparado e sonhador.
Não é vergonha voltar atrás, mas infelizmente o meu novo Eu não sabia nadar, sentiu medo só em ver aquele mundo infinito de águas.
Chorei por saber que meu novo Eu tem muitos defeitos, e um deles é o medo de dizer que errou e que não sabe uma série de coisas.
Agora estou eu aqui me desfazendo de alguns erros, jogando fora todos meus medos do meu Eu actual, para que eu possa voltar refeita de tudo que vivi e sofri.
Descobri durante a viagem em mim mesma, que a menina que eu havia enterrado, ainda existe dentro de mim e esta bem viva.
Viva para se apaixonar novamente por alguém que jamais a tocara ou a desejara.
Viva para admitir que sou especial no meu jeito de ser.
Passei dias tentando me encontrar, numa viagem na qual eu era o marinheiro, o comandante, o pescador e o passageiro clandestino que escondido observava o meu novo Eu.
Ao retornar encontrei o meu Eu, no mesmo porto que eu o abandonara a minha espera. Encontramo-nos e o desfecho foi mais lindo que um final feliz de uma novela.
Sentimos muito nossa falta e em slow motion corremos para cairmos nos braços um do outro.
A viagem foi longa e os dias infinitos das férias que tirei do meu verdadeiro Eu
Desconheço o Autor
(enviado por mail)
Namasté...
1 comentário:
Grande verdade amiga :)
Obrigada por partilhares :)
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