Em
verdade, estudamos com o Cristo a ciência divina de ligação com o Pai, mas
ainda nos achamos muito distantes da genuína comunhão com os interesses
divinos.
Por trás
da cortina do “eu”, conservamos lamentável cegueira diante da vida.
Examinemos imparcialmente as atitudes que nos são peculiares nos
próprios serviços do bem, de que somos cooperadores iniciantes, e observaremos
que, mesmo aí, em assuntos de virtude, a nossa percentagem de capricho
individual é invariavelmente enorme.
A antiga
lenda de Narciso permanece viva, em nossos mínimos gestos, em maior ou menor
porção.
Em tudo
ou em toda parte, apaixonamo-nos pela própria imagem.
Nos seres
mais queridos, habitualmente amamos a nós mesmos, porque, se demonstram pontos
de vista diferentes dos nossos, ainda mesmo quando superiores aos princípios
que esposamos, instintivamente enfraquecemos a afeição que lhes consagrávamos.
Nas obras
do bem a que nos devotamos, estimamos, acima de tudo, os métodos e processos
que se exteriorizam do nosso modo de ser e de entender, porquanto, se o serviço
evolui ou se aperfeiçoa, refletindo o pensamento de outras personalidades acima
da nossa, operamos, quase sem perceber, a diminuição do nosso interesse para
com os trabalhos iniciados.
Aceitamos
a colaboração alheia, mas sentimos dificuldade para oferecer o concurso que nos
compete.
Se nos
achamos em posição superior, doamos com alegria uma fortuna ao irmão
necessitado que segue connosco em condição de subalternidade, a fim de
contemplarmos com volúpia as nossas qualidades nobres no reconhecimento de
longo curso a que se sente constrangido, mas raramente concedemos um sorriso de
boa-vontade ao companheiro mais abastado ou mais forte, posto pelos Desígnios
Divinos à nossa frente.
Em todos
os passos da luta humana, encontramos a virtude rodeada de vícios e o
conhecimento dignificante quase sufocado pelos espinhos da ignorância, porque,
infelizmente, cada um de nós, de modo geral, vive à procura do “eu mesmo”.
Entretanto, graças à Bondade de Deus, o sofrimento e a morte nos
surpreendem, na experiência do corpo e além dela, arrebatando-nos aos vastos
continentes da meditação e da humildade, onde aprenderemos, pouco a pouco, a
buscar o que pertence a Jesus Cristo, em favor da nossa verdadeira felicidade,
dentro da glória de viver.
Emmanuel
Extraído do livro “Fonte Viva”-Ítem 101 – Francisco Cândido
Xavier
Namasté...
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