Quantos de nós não ficam extramente contentes com um elogio,
para logo a seguir ficarem completamente tristes por uma crítica? Quantos de
nós não afirmam que vão começar uma nova dieta, para logo a seguir sucumbir ao
desejo e à satisfação temporária de uma qualquer tentação do paladar? Quantos
de nós não ficam impacientes no trânsito ou numa fila qualquer, desenvolvendo a
impaciência em estados de ira e acções e/ou pensamentos de raiva e violência?
Quantos de nós não passam minutos, horas, dias, meses e anos a tentar obter a
atenção e aprovação de alguém, a viver como reféns do que outros pensam e do
seu julgamento? Normalmente somos escravos dos nossos pensamentos, sentimentos
e desejos. Vivemos fora de uma prisão, não estamos algemados, podemos sair de casa
e passear, no entanto não somos livres. As pessoas que vivem na escravidão de
si próprias ainda não deram o grande passo de fé para a sua verdadeira
conquista espiritual. O verdadeiro amor de Deus ainda não entrou nas suas
vidas. O grande passo de fé, a partir do qual o nosso caminho começa a ser
trilhado e que nos torna nos verdadeiros rebeldes da mudança e do progresso,
consiste na conquista de nós próprios. Essa é a conquista que antecede as
grandes vitórias e que prepara a terra de cada homem para o brotar do amor
profundo.
Por mais inimigos que nós vençamos numa batalha, a grande
vitória é vencermo-nos a nós próprios, é superar diariamente os nossos limites
e para isto temos que encarar o nosso dia-a-dia como um grande desafio. Muitos
de nós vivem escravizados por diversos desejos que não conseguem controlar e
por defeitos que se manifestam de forma inconsciente. Jesus disse: "Vigiai
e Orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto
mas a carne é fraca” (Mateus 26:41). A Vigia de nós próprios é fundamental para
que nos possamos conhecer verdadeiramente, permitindo-nos tomar consciência dos
nossos pensamentos, palavras e acções, bem como das armadilhas em que
frequentemente nos deixamos cair e prender. Cada defeito não vigiado nos faz
escravo dele. A Oração, por sua vez, é o grande alimento da alma e a
“ferramenta” que nos permite comunicar com Deus e pedir a sua intervenção na
nossa vida para que possamos ser fortes ao sermos tentados. Tal como Jesus nos
ensinou em Mateus (6:13): "E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do
mal". Para esse efeito, é necessário que a fé em Deus seja verdadeira e a
crença na sua Força induvidável:
"Esforçai-vos, e animai-vos; não temais, nem vos espanteis diante deles,
porque o Senhor, vosso Deus, é o que vai convosco; não vos deixará nem vos
desamparará" (Deuteronômio 31:6). Todos os dias somos tentados à
escravidão da alma e essa fé tem o condão de nos libertar. A Oração deve ser
honesta e sincera e, sendo acompanhada de uma Vigia constante em cada momento,
permitir-nos-á resistir às tentações mundanas, afastando-as de nós e libertando
o nosso coração das amarras da carne, para que o mesmo possa ser purificado e
abençoado.
Ser um verdadeiro rebelde não é ser inconsciente e
indisciplinado mas sim olhar para si próprio no espelho, observar-se a si
próprio e negar-se a si mesmo de uma forma intencional para provocar uma
mudança, deixando de ser escravo daquela vontade e/ou hábito. No fundo, um
verdadeiro rebelde deve ser completamente disciplinado, consciente e provido de
uma fé inabalável que o torna louco aos olhos de uns mas único e especial aos
olhos de Deus.
O verdadeiro rebelde é um ser livre e não um escravo. O
verdadeiro rebelde vive conscientemente e não se submete a nenhuma emoção, pensamento
ou desejo. Ele evita a total submissão a qualquer defeito e Vigia a si próprio
constantemente. O verdadeiro rebelde nega a sua natureza inferior e submete-se
unicamente à vontade de Deus, vontade essa que é pura, perfeita e
incorruptível. O verdadeiro rebelde observa o mundo à sua volta e sabe esperar
pelo momento certo, respeitando o tempo de Deus para todas as coisas. O
verdadeiro rebelde envolve as pessoas à sua volta com a sua luz e, sem qualquer
tipo de imposição, é seguido pelos demais. Ele lidera pelo exemplo sublime da
sua vida e das suas atitudes. O verdadeiro rebelde não precisa de estar sempre
a andar, correr, saltar, falar ou viajar pois ele é livre em qualquer lugar e
de qualquer forma. Ele sabe ouvir, pensar e falar na altura certa, respeitando
a opinião dos demais. Ele procura amar profundamente cada ser com o qual se
cruza, seguindo honestamente o que Jesus ensinou: “Que vos ameis uns aos
outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis” (João
13:34). Ele não vê nos outros aquilo que eles são mas sim aquilo que poderão
ser. Quando lhe pedem para escolher, ele escolhe amar. Ele não aceita
limitações e vê em cada obstáculo uma oportunidade de crescimento. O que ele
diz e o que ele faz são a mesma coisa pois não há lugar a promessas vãs. Quando
tudo parece desabar, o verdadeiro rebelde olha para cima, fecha os seus olhos e
recorda-se das palavras do apóstolo Paulo: "Posso todas as coisas naquele
que me fortalece" (Filipenses 4:13). A sua fé move montanhas e a sua força
é luminosa. Seja dentro de uma prisão, numa cama de hospital ou numa cadeira de
rodas, o seu coração é sempre livre!
Ninguém nasce um verdadeiro rebelde. Ser um verdadeiro
rebelde requere uma atitude constante, pois ele vai-se transformando ao longo
do tempo com cada desafio, obstáculo e prova de superação. O verdadeiro
rebelde, ao longo da sua vida, vai firmando a sua fé, aprendendo ao longo do
caminho a conquistar-se a si próprio, crescendo emocionalmente e aprendendo a
crer sem reservas no plano de Deus, buscando no seu Pai o verdadeiro alimento
da sua alma. Este caminho é não só uma necessidade da alma mas também uma
obrigação que todo o verdadeiro homem de Deus deve ter para consigo próprio, de
forma a deixar um legado para os seus filhos. Nos tempos vindouros serão os
seus filhos a continuar com a sua obra e essa é uma responsabilidade que deve
estar presente no coração de qualquer homem. O verdadeiro rebelde vive com Deus
no coração e segue os ensinamentos sagrados de Jesus, não procurando ser servido
mas sim servir o mundo com o dom que Deus lhe deu.
Paz
Desconheço o autor
Namasté...
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